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Glúten Faz Mal ou É Apenas Moda? Minha Descoberta Pessoal

Quando eu morava na Alemanha, nunca tinha me preocupado com glúten. Simplesmente comia pão, massas e todos aqueles deliciosos produtos de panificação alemães sem pensar duas vezes. Não sentia nenhum problema aparente, então por que deveria me importar, certo?

Tudo mudou quando conheci minha esposa brasileira, Daiane. Logo percebi que ela evitava glúten sempre que possível. O interessante é que ela não tinha diagnóstico de doença celíaca ou sensibilidade ao glúten - era uma escolha consciente baseada em saúde. No início, confesso que achei um pouco exagerado. Afinal, eu tinha crescido comendo glúten e me sentia perfeitamente bem!

Mas por amor (e curiosidade), decidi me juntar a ela nessa dieta sem glúten e comecei a pesquisar profundamente sobre o assunto. O que descobri me surpreendeu tanto que senti a necessidade de compartilhar com vocês. Talvez vocês, assim como eu, tenham ouvido vários mitos sobre o glúten sem entender realmente o que está acontecendo nos bastidores do nosso corpo.


drei Brot Laibe und drei Weizenehren

O Que Realmente Acontece Quando Consumimos Glúten?


Vamos aos fatos. O glúten contém uma proteína chamada gliadina, presente em diversos cereais como trigo, centeio e cevada. O que poucos sabem é que a gliadina afeta as barreiras intestinais de TODAS as pessoas, não apenas daquelas com intolerância diagnosticada.


Em um intestino saudável, as células da parede intestinal são unidas por conexões chamadas "tight junctions" (junções apertadas). Essas conexões funcionam como porteiros, decidindo o que pode passar para a corrente sanguínea. Os nutrientes entram através das células de forma controlada, enquanto substâncias nocivas ficam retidas no intestino.


Quando consumimos glúten, a gliadina causa uma abertura temporária dessas junções em todas as pessoas. Isso não é teoria - é ciência comprovada. Um estudo publicado por Sandro Drago e outros pesquisadores demonstrou claramente que a gliadina afeta a permeabilidade intestinal tanto em pessoas

com doença celíaca quanto em pessoas sem a doença.


O Efeito Dominó na Nossa Saúde



Dominosteine in einer Reihe vor schwarzem Hintergrund
Comer Glúten - O Efeito Dominó na Nossa Saúde


Quando essas junções se abrem, toxinas bacterianas chamadas LPS (lipopolissacarídeos), que normalmente permaneceriam no intestino, conseguem passar para a corrente sanguínea. No intestino, os LPS são inofensivos e estão presentes em grandes quantidades. Mas quando chegam ao sangue, encontram nosso sistema imunológico, que reage desencadeando inflamação.

Ironicamente, esse LPS aumenta ainda mais a permeabilidade intestinal, criando um ciclo vicioso. E as pesquisas mostram que níveis elevados de LPS no sangue estão associados a:


  • Dislipidemia (alterações no colesterol)

  • Resistência à insulina e obesidade

  • Inflamação crônica

  • Fígado gorduroso não-alcoólico

  • Problemas de memória e cognição


O mais impressionante é que o LPS não afeta apenas o intestino. Como a barreira hematoencefálica (que protege o cérebro) utiliza o mesmo tipo de junções que o intestino, quando uma fica comprometida, a outra também pode ser afetada. Isso explica por que o LPS está envolvido em doenças neurológicas como esclerose múltipla, Parkinson e ELA.

Estudos até mostram que a inflamação causada por LPS pode diminuir nossa capacidade de empatia e alterar nossos padrões de sono. Na verdade, é uma resposta natural do corpo tentar nos isolar socialmente quando estamos combatendo inflamação.

Körperzellen vor schwarzem Hintergrund

As Principais Causas de LPS Elevado


De acordo com minhas pesquisas, as três principais causas de LPS elevado no sangue são:



  1. Fumaça de tabaco

  2. Glúten (especificamente a gliadina)

  3. Glifosato (agrotóxico)


O último ponto é especialmente relevante para nós no Brasil. Em 2014, o Brasil usou cerca de 195.000 toneladas de glifosato, sendo o pesticida mais vendido no país. Para comparação, na União Europeia, o limite permitido de resíduos de glifosato na soja é de 0,05 mg por quilo. No Brasil, esse limite é de 10 mg por quilo – 200 vezes maior! Na água potável, o Brasil permite níveis 5.000 vezes maiores do que na Europa. Mas isso é assunto para outro artigo.


O Que Isso Significa Para Mim?


Depois de toda essa pesquisa, comecei a entender por que Daiane evitava glúten. Não era uma moda passageira ou exagero - havia ciência sólida por trás dessa escolha. E embora eu não tenha nenhum sintoma óbvio, decidi reduzir significativamente meu consumo de glúten.


Isso não significa que nunca mais comerei um pretzel alemão ou um pedaço da pizza. Significa apenas que agora faço escolhas mais conscientes e equilíbrio melhor minha alimentação.


E vocês, o que acham dessa informação? Já tinham ouvido falar sobre esses efeitos do glúten? Gostariam de compartilhar suas experiências nos comentários?


Ah, e antes que eu me esqueça - graças à Daiane, não preciso abrir mão de nada na minha alimentação. Ela prepara pães, bolos e cookies sem glúten que são absolutamente deliciosos e nutritivos. Se vocês tiverem interesse em conhecer as receitas dela, deixem nos comentários que podemos compartilhar por aqui!


Até a próxima, e lembrem-se: conhecimento é saúde!

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