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Frutas Nativas de Santa Catarina: Diversidade e Riqueza da Nossa Terra

Estamos na fase de planejamento para implementar um sistema de agrofloresta em nossa propriedade aqui em Santa Catarina, e percebi que precisamos entender melhor as espécies de frutas nativas da região. Como alemão vivendo no Brasil há alguns anos, essa jornada de pesquisa se tornou uma verdadeira paixão! Vou compartilhar com vocês o que estou aprendendo sobre essas frutas incríveis que fazem parte do patrimônio natural catarinense e serão fundamentais para nosso projeto de permacultura ou agrofloresta sustentável.

Quais são as frutas nativas de Santa Catarina?

Santa Catarina possui uma incrível biodiversidade de frutas nativas, muitas das quais ainda são desconhecidas pelo grande público. Durante minhas pesquisas e conversas com agricultores locais, descobri que temos verdadeiros tesouros nutricionais crescendo naturalmente em nossas matas!

Algumas das principais frutas nativas de Santa Catarina incluem:

  • Jabuticaba (Plinia cauliflora): Essa fruta preta que cresce diretamente no tronco da árvore é rica em antioxidantes e se adapta muito bem ao clima do estado.

  • Pitanga (Eugenia uniflora): Com seu sabor único e levemente ácido, a pitanga vermelha é versátil para sucos, geleias e licores.

  • Araçá (Psidium cattleianum): Parente do goiaba, encontrado nas variedades amarela e vermelha, é excelente para processamento.

  • Guabiroba (Campomanesia xanthocarpa): Fruta amarela aromática que atrai muita fauna silvestre e faz deliciosos sucos e doces.

  • Butiá (Butia eriospatha): Com seu sabor característico, é muito utilizado para sucos, geleias e até cachaças artesanais.

  • Uvaia (Eugenia pyriformis): Fruta amarela suculenta com sabor adocicado e ácido, ótima para sucos.

  • Gabiroba (Campomanesia spp.): Similar à guabiroba, mas com características próprias de sabor e aroma.

  • Ingá (Inga spp.): Com polpa branca adocicada que envolve as sementes, é muito apreciada para consumo in natura.

  • Goiaba-serrana ou Feijoa (Acca sellowiana): Fruta de casca verde e polpa branca com sabor único, muito valorizada internacionalmente.

 

Confesso que quando provei goiaba-serrana pela primeira vez, fiquei surpreso! O sabor complexo, entre doce e ácido, com notas que lembravam abacaxi e morango, foi uma experiência incrível. Estamos planejando incluir várias dessas árvores em nossa futura agrofloresta.

Quais frutas são produzidas em Santa Catarina?

 

Santa Catarina não só possui ricas frutas nativas, mas também se destaca na produção comercial de diversas frutas.

O estado é um importante produtor de:

  • Maçã: Santa Catarina é responsável por cerca de 50% da produção nacional, principalmente nas regiões de São Joaquim e Fraiburgo.

  • Banana: Cultivada principalmente no litoral norte, é uma das frutas mais produzidas no estado.

  • Uva: Com forte produção nas regiões de altitude, especialmente para vinhos.

  • Pêssego: Cultivado com sucesso em várias regiões do estado.

  • Amora: Muito utilizada para processamento e geleias.

  • Morango: Produzido em sistemas convencionais e orgânicos.

  • Physalis: Fruta com alto valor agregado que vem ganhando espaço.

  • Mirtilo (blueberry): Adaptou-se bem às condições climáticas de algumas regiões.

 

Em nosso planejamento, estamos considerando integrar algumas dessas frutas comerciais com espécies nativas, para criar um sistema mais resiliente e biodiverso. Acreditamos que isso poderá melhorar a polinização e o controle natural de pragas.

Quais são as frutas nativas do Sul do Brasil?

Ampliando um pouco o horizonte para toda a região Sul, encontramos uma diversidade ainda maior de frutas nativas. Além das já mencionadas para Santa Catarina, podemos incluir:

  • Pinhão (Araucaria angustifolia): Embora tecnicamente seja uma semente, o pinhão é tratado culturalmente como fruta e é um alimento tradicional da região.

  • Cereja-do-rio-grande (Eugenia involucrata): Fruta vermelha de polpa suculenta e agridoce.

  • Araticum (Annona spp.): Também conhecido como fruta-do-conde nativa, tem polpa cremosa e saborosa.

  • Guabiju (Myrcianthes pungens): Fruta roxa escura, adocicada e muito saborosa.

  • Amora-preta nativa (Rubus spp.): Diferente da amora-preta cultivada, é menor e mais ácida.

  • Pitanga-preta (Eugenia uniflora): Variação mais escura da pitanga comum.

 

Quando visitei Urubici, conheci o Frutos Finas, um lugar incrível onde são cultivadas diversas berries orgânicas como morangos, amoras, framboesas e mirtilos. Lá é possível fazer a colheita você mesmo e ter uma excelente visão de como funciona o cultivo dessas frutas. Foi uma experiência muito enriquecedora e absolutamente recomendável para quem estiver na região. Essa visita me inspirou a pensar em como podemos integrar tanto as frutas nativas quanto algumas berries adaptadas ao nosso futuro sistema agroflorestal.

https://www.frutafina.com.br/

Importância das frutas nativas para agroflorestas sustentáveis

Implementar uma agrofloresta utilizando espécies nativas traz inúmeros benefícios que estamos considerando em nosso planejamento:

  1. Adaptação ao clima local: Essas espécies evoluíram em nosso clima e solo, sendo naturalmente adaptadas.

  2. Atração da fauna: Aves e outros animais que ajudam no controle de pragas e dispersão de sementes.

  3. Preservação da biodiversidade: Muitas dessas espécies estão ameaçadas e merecem ser preservadas.

  4. Baixa manutenção: Por serem adaptadas, geralmente requerem menos insumos externos.

  5. Segurança alimentar: Diversificam a dieta e garantem alimentos mesmo em condições adversas.

 

Em nossas pesquisas, temos notado que muitos agricultores relatam experiências positivas ao plantar araçá e pitanga nas bordas da agrofloresta. Essas espécies geralmente crescem rapidamente e começam a produzir a partir do terceiro ano. Além disso, atraem muitos pássaros nativos, que ajudam a controlar naturalmente insetos indesejados.

Como iniciar seu próprio cultivo de frutas nativas

 

Se você também está interessado em cultivar algumas dessas frutas, aqui vão algumas dicas práticas que estamos coletando:

  • Comece com espécies mais fáceis como pitanga, araçá e jabuticaba

  • Busque mudas em viveiros especializados em espécies nativas

  • Estude o comportamento natural de cada espécie para reproduzir suas condições ideais

  • Integre as espécies em sistemas agroflorestais para maior sucesso

  • Documente seus resultados para contribuir com o conhecimento coletivo sobre essas espécies

 

Lembre-se que muitas frutas nativas têm crescimento relativamente lento, mas são extremamente longevas e produtivas quando adultas. Vale a pena ter paciência!

 

Conclusão

A descoberta das frutas nativas de Santa Catarina tem sido uma jornada fascinante em minha adaptação ao Brasil. Como alemão, descobrir esses sabores foi como abrir uma porta para um novo mundo de possibilidades culinárias e agroflorestais.

Integrar essas espécies em sistemas produtivos sustentáveis não é apenas uma forma de garantir alimentos saudáveis e adaptados ao nosso clima, mas também um ato de preservação cultural e biológica. Cada muda de pitangueira ou jabuticabeira que planejamos plantar será um passo em direção a um futuro mais sustentável e biodiverso.

Convido você a explorar essas frutas maravilhosas, seja em feiras, no mato ou em seu próprio quintal. A riqueza do patrimônio frutífero nativo de Santa Catarina merece ser conhecida, preservada e celebrada!

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